
Dei por mim a pensar na profundidade e complexidade da nossa mente. Tudo o que criámos e adaptámos às nossas ambições, desde os palitos até às naves espaciais, passando pelo vidro, o plástico e o cobre. Subimos mais alto do que qualquer outra espécie e nem isso nos satisfez. Furámos e arranhámos para chegar ao centro da Terra que Verne descreveu, continuamos com a ideia de que somos invencíveis. Pior ainda, admitimos sem qualquer pudor que mesmo se não o fôssemos, a única coisa capaz de nos destruir seriam os nossos próprios erros e invenções. Aquecimento global, inteligência artificial, pecado original, castigo divino. Tornámo-nos demasiado grandes, demasiado orgulhosos e criativos. Talvez até mais poderosos que Deus. Mas o que é Ele afinal? Uma ideia, um conceito? Um suspiro? O que é Deus se Nele eu não acredito? Para mim... nada. Perdão, Nada. Escrevemos milhares de milhões de livros, inventámos incontáveis palavras e estanderizámos comportamentos a escalas completamente absurdas. A nossa imaginação continua a conquistar obstáculos. Continuamos a vencer. Temos inclusivamente a capacidade de pensar se tudo isto é real, onde está a verdade. Somos capazes de reflectir sobre aquilo que reflectimos de forma a entrar numa cadeia infinita de questões e perguntas obviamente retóricas. Até quando não pensamos, estamos a pensar. Ouvi dizer há alguns anos que o conhecimento que temos hoje é comparável a uma única gota de um oceano imenso de saber. Sinto-me mergulhada dos pés à cabeça nesse saber desconhecido. Flutuo na vontade de o agarrar, mesmo sabendo que por mais que tente, nunca vou conseguir segurar a água que escorre da torneira. Sim, estamos todos aqui, agora, submersos naquilo a que chamamos ignorância, tentando inutilmente afastar o líquido invisível da nossa vista. Ou mergulhar perante as profundezas do abismo, procurando o leito firme do oceano. Estes já estão mortos. Os outros também. Afinal onde está Deus? Que partida é esta da nossa mente que cria uma esperança tão subectiva? Seja como for, estamos todos mortos.
No comments:
Post a Comment