11 August 2010

Flowers

O quê? Valho mais que uma flor
Porque ela não sabe que tem cor e eu sei,
Porque ela não sabe que tem perfume e eu sei,
Porque ela não tem consciência de mim e eu tenho consciência dela?
Mas o que tem uma coisa com a outra
Para que seja superior ou inferior a ela?
Sim tenho consciência da planta e ela não a tem de mim.
Mas se a forma da consciência é ter consciência, que há nisso?
A planta, se falasse, podia dizer-me: E o teu perfume?
Podia dizer-me: Tu tens consciência porque ter consciência é uma qualidade humana
E só não tenho uma porque sou flor senão seria homem.
Tenho perfume e tu não tens, porque sou flor...

Mas para que me comparo com uma flor, se eu sou eu
E a flor é a flor?

Ah, não comparemos coisa nenhuma, olhemos.
Deixemos análises, metáforas, símiles.
Comparar uma coisa com outra é esquecer essa coisa.
Nenhuma coisa lembra outra se repararmos para ela.
Cada coisa só lembra o que é
E só é o que nada mais é.
Separa-a de todas as outras o facto de que é ela.
(Tudo é nada sem outra coisa que não é).

Alberto Caeiro


Como uma flor incerta entre os teus dedos
Há a harmonia dum bailar sem fim,
E tens o silêncio indizível dum jardim
Invadido de luar e de segedos.

Nas tuas mãos trazias o meu mundo.
Para mim dos teus gestos escorriam
Estrelas infinitas, mar sem fundo
A nos teus olhos os mitos principiam.

Em ti eu conheci jardins distantes
E disseste-me a vida dos rochedos
E juntos penetrámos nos segredos
Das vozes dos silêncios dos instantes.

Sophia de M. B. Andersen


O! I care not that my earthly lot
Hath little of Earth in it,
That years of love have been forgot
In the fever of a minute:
I heed not that the desolate
Are happier, sweet, than I,
But that you meddle with my fate
Who am a passer by.

It is not that my founts of bliss
Are gushing–strange! with tears-
Or that the thrill of a single kiss
Hath palsied many years-

'Tis not that the flowers of twenty springs
Which have wither'd as they rose
Lie dead on my heart-strings
With the weight of an age of snows.

Not that the grass–O! may it thrive!
On my grave is growing or grown-
But that, while I am dead yet alive
I cannot be, lady, alone.

Edgar Allan Poe

No comments: